Início » Moscou tenta conter avanço da Ucrânia após ofensiva de Kiev

Governo da Ucrânia afirma que mil quilômetros quadrados de território foram retirados da região de Kursk.

Moscou tenta conter avanço ucraniano, uma semana após ofensiva de Kiev na cidade russa de Kursk © AP – Anatoliy Zhdanov

A Ucrânia reivindicou, na segunda-feira (12), o controle de mil quilômetros quadrados de território russo na região de Kursk, ao norte da fronteira russo-ucraniana. No local, as forças seguem na ofensiva quase uma semana depois de terem lançado uma incursão armada. A Rússia prometeu uma resposta e lançou cerca de trinta drones de ataque contra o país durante a noite de segunda para terça-feira.

Há uma semana, a Ucrânia lançou uma ofensiva em território russo e o presidente ucraniano avisou: “continuamos a realizar operações ofensivas”. Volodymyr Zelensky mais uma vez pediu autorização aos seus aliados ocidentais para usar mísseis de longo alcance para atacar o território russo.

Kiev afirma que mil quilômetros quadrados de território foram retirados da região de Kursk. Mas a versão de Moscou é diferente. O governador desta região garante que as conquistas dos territórios ucranianos são de cerca de 40 quilômetros de extensão.

Alexei Smirnov, governador da região de Kursk, relatou que 28 distritos foram controlados pelas forças ucranianas. Doze pessoas foram mortas desde o início da incursão, acrescentou, e cerca de 121 mil civis foram evacuados nos últimos dias.

Na região de Sumy, no lado ucraniano da fronteira, estão presentes numerosos veículos militares de todos os tipos, bem como abastecimentos, o que indicaria que Kiev pretende ocupar os territórios tomados nos últimos dias. O Exército ucraniano procura tomar posições do inimigo, provocar perdas máximas e desestabilizar a situação na Rússia, de acordo com um alto funcionário ucraniano.

Como resposta, Vladimir Putin promete expulsar as forças ucranianas do seu solo. Com isso, a Rússia lançou, na noite de segunda para terça-feira (13), 38 drones de ataque e dois mísseis balísticos Iskander-M contra o país. Um novo alerta aéreo entrou em vigor esta terça-feira ao início da manhã em todo o território da Ucrânia, informou a Força Aérea Ucraniana.

Família são evacuadas na Ucrânia

A ofensiva em Kursk pode ser considerada um sucesso político para a Ucrânia, que está bastante confiante. Mas no âmbito militar, como resultado desta incursão, a Rússia continua a pressionar o Exército ucraniano na região de Pokrovsk. No local, os intensos combates afetam diretamente os habitantes das aldeias.

Diante dos avanços do Exército de Moscou e a ameaça de ocupação, as autoridades ucranianas ordenaram a evacuação de milhares de famílias. Segundo o governador da região de Donetsk, Vadym Filashkin, ainda existem cerca de 50 mil pessoas, incluindo mais de 4 mil crianças, em aldeias localizadas a menos de 10 km da linha da frente na região.

Para chegar a Petrivka, a uma dúzia de quilômetros da linha da frente, é preciso agir rapidamente. Sob a ameaça dos drones russos, os carros viajam a toda velocidade nas estradas rurais que ligam as aldeias ao redor de Pokrovsk.

Em um ponto de distribuição de ajuda humanitária, os moradores que não foram evacuados buscam suplementos para as necessidades básicas. O aposentado Ivan Anatolovych é um deles.

“Não há para onde fugir. Eu ficaria feliz em sair daqui, mas não é possível para mim financeiramente”, disse.

Confrontadas com os avanços e os bombardeios russos, as autoridades estão deslocando o maior número possível de civis, incluindo centenas de famílias que ainda se encontram no local. Nadia e sua filha Tania, de 5 anos, aguardam para serem evacuadas para o oeste do país.

“É difícil quando uma criança se assusta e corre quando somos acordados por explosões durante a noite e jogados para fora da cama. Há dois dias ela não dorme bem, está inquieta. Quando um foguete voa, ela me diz: mamãe, temos que nos esconder. Ela deita no chão, tapa os ouvidos, ela está apavorada”, contou Nadia.

As famílias que conseguem ser evacuadas chegam a Pokrovsk, a um centro de acolhimento, onde são atendidas antes de serem encaminhadas para regiões mais seguras. O policial Andriy acaba de retirar uma família.

“Um homem, sua esposa e seus três filhos foram retirados da cidade de Myrnohrad, perto da linha de frente, no distrito de Pokrovsk. À medida que a situação se torna mais complicada na região de Donetsk, quase não há famílias que não queiram fugir porque estão preocupadas com a segurança da saúde das suas famílias e filhos, e todas estão se deslocando voluntariamente”, disse.

A situação é ainda mais preocupante porque Pokrovsk está agora apenas a cerca de quinze quilômetros da linha da frente: as 60 mil pessoas que vivem lá, incluindo milhares de pessoas deslocadas do Leste, sabem que estão em risco. Se as tropas russas continuarem a avançar, os habitantes de Pokrovsk também terão de fugir dos combates.


*Com informações da RFI de Pokrovsk (Ucrânia) em MSN

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